9 de agosto de 2013

Casulo














                              É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante. Nietzsche.
*
Está tudo tão escuro
Dentro do casulo
Está tudo tão incerto
Dentro do casulo
E a alma...
Imóvel
E o mundo desabando
Se acomodando... Se acomodando...
Na solidão do casulo
Desabando
E o tempo passando... Passando...
Fora do casulo
Mas um dia...
Amanhã?
Depois de amanhã?
Qualquer dia...
Talvez nunca...
Talvez muitas vezes nunca
Talvez amanhã pela manhã
Quando a chuva cair
As águas subirem
E o vento soprar
E as sementes de novos sonhos germinarem
A metamorfose terá que chegar ao fim
E o casulo...
Jazigo secreto da antiga lagarta
Larva de um frágil ser alado
Que repousa em silêncio sagrado
Terá que ser abandonado...
Profanado pela liberdade
Feche os olhos
Abra o coração
A sedução das asas já se faz sentir nos abismos escuros
Dentro do casulo
A caverna de sombras terá que ser abandonada
E no caminho da montanha mais alta
A sua estrada da vida
Possibilidades mil de glória e escória
Terá que ser trilhada
Construída
Fora do casulo
Não é para sempre essa escuridão
Não é para sempre essa solidão
Nada é para sempre dentro dos abismos do coração
E o céu?
Ah, o céu...
Então não sabes?
Renascer dói mais que morrer...
Com asas frágeis
Em meio a vendavais
E temporais
Essa profundidade abissal terá que ser conquistada
Porque a vida...
Ah! A vida é maior que essa existência que ora prende
Ora repreende...
A alma acorrentada
Feito noite eterna
Imóvel
Dentro do casulo

V.B.Mello.

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