9 de novembro de 2011

Olhai os Lírios do Campo...

 Alma faminta, que tem fome de boas coisas para ver e para sentir, olhai os lírios do campo... Tateando aqui e ali, a alma faminta procura os lírios do campos, mas não os encontra. Senhor, diga-nos: Onde estão os lírios do campo? Onde estão os pássaros? Onde está o azul do céu? Dê-nos olhos límpidos, para olhar. Então, um anjo sussurra no ar: Por que buscam fora da alma aquilo que só pode ser encontrado, dentro das profundezas da própria alma? Voltem os olhos para os vastos campos da alma, sondem as maravilhas do coração. Falem aos homens sem alma, que a alma dos homens bons tem campos floridos e céus azuis... Falem aos homens sem espírito, que o espírito humano possui um reino de glória e beleza, que só pode ser visto de olhos fechados e coração puro. Falem às multidões que erram incertas por caminhos de escuridão, que a alma tem mil sóis e mil luas e um infinidade de estrelas e flores.  Pacifiquem os endavais, acalmem as das tempestades e iluminem as noites escuras e sem estrelas... Vocês são a luz do mundo.
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Portanto, fechem os olhos e olhem além do olhar! Olhem com o coração. Olhem e vejam o esplendor de um universo inteiro que se agita dentro da alma, querendo nascer. Sente as dores desse parto maravilhoso? Gritem: Haja luz, para que haja luz. O mundo é um caos a espera de um raio de luz. Basta um olhar de bondade, para começar uma revolução no coração. Então, por favor, retirem a maldade do coração e olhem sem medo. Mas não olhem apenas os lírios do campo ou os pássaros do céu... Olhem toda a plenitude da natureza, a glória dos ceus que se encontra dentro e fora da alma... 

Olhem a vida e olhem a morte. Tremam! Fujam! Enfrentem! Sejam fortes e corajosos. É preciso virar a cara para as trevas e dizer sim, para a vida que chama. Vá, e não olhe para tras. Deixe os mortos enterrarem os seus mortos. Escolha o caminho da vida. Encare a vida que te encara... Sim, olhai os lírios do campo... Não valeis vós, mais do que muitos pardais? Sim, virem a cara, vós que não valeis nada... Virem a cara!
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Todos vós que cobiçam um tesouro que o dinheiro não pode comprar, olhem. Mas não olhem de qualquer maneira, nem olhem rápido demais, nem olhem de longe demais, porque o mistério é grande e inefável. Não basta fechar os olhos de qualquer maneira. É preciso saber olhar. Não olhem com olhar de desafio, como quem quer ensinar, magoar e assustar... Não olhem como quem já sabe tudo. Não olhem desconfiado, nem com medo. Aquietem a alma e olhem com a humildade de quem quer aprender alguma coisa... São tantas coisas sagradas que os lírios do campo e as aves do céu querem nos ensinar... É só saber olhar. É só parar para olhar. É só saber ouvir. É só querer aprender... É só querer ver.
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Olhemi, mas antes retirem o cisco do olho... Retirem a trave do preconceito que atravanca o olhar e turva a compreensão do coração... Curvem-se diante da grandeza de Jorge Luiz Borges, o poeta que ficou cego, e aprenda com ele, a olhar a luz através das sombras. Aprendam com Cristo, pois se teu olho direito de faz tropeçar das vistas, arranque-o e lance-o para longe de ti, porque para ver o que lhe proponho, se vê melhor, com um olho só...

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Que pena. Se já você já é homem ou mulher de certa idade, se possui dois olhos, que a seu ver são saudáveis, e se mesmo com essas vistas tidas por voce, como puras e saudáveis, nunca parou para ver o esplendor das flores do campo, e se nunca viu a epifania divina que se manifesta todo dia, do nascer ao por do sol, se nunca se comoveu olhando o arco-íres, se não compreendes seu significado mais profundo, se nunca sentiu o orvalho da grama sob os seus pés descalços, então, apesar da pretensa saúde dos seus olhos, és cego... Talvez sejas surdo também. Pior, talvez esteja morto. Pior ainda, talvez de tão atrofiada pelo desuso, a sua alma seja uma pedra dentro de ti, um peso existencial que carregas com dificuldade, para todo lugar que vais fugindo em desabalada fuga de ti mesmo. Se for esse o caso – e há uma grande probabilidade de que seja -, então corra até o último dos grandes filósofos da natureza, o pré-socrático Demócrito de Abdera, e aprenda com ele a ver a eternidade nas minúsculas partes da Natureza ao seu redor. Porque se para voce uma árvore é só uma árvore, então talvez precise arrancar os olhos, não um, mas os dois, para ver e saber o que é uma árvore... Feche os olhos, limpe o coração, olhe, e veja. Não vê nada? Então ainda está cego. Que pena.
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Olhai novamente, mas olhai com a proximidade e a demora dos olhares dos poetas... Porque vivemos dias em que urge em nossos corações a necessidade de ir além da mera visão mecanicista da aparência das coisas. Ver a superfície do mar (do mar da vida) já não nos basta como projeto existencial. Queremos ver mais...
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Mais do que nunca, pois o homem caminha cegamente para o centro de um asfixiante labirinto existencial, e, ao que tudo indica, não leva consigo nenhum fio de Ariadne para guiá-lo para fora desse horror que cada vez mais tem se tornado a nota central da sua existência...
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Mais do que nunca chegou a hora em que é necessário ir além das aparências materiais do mundo... É preciso tirar a máscara, não apenas a que encobre a nossa face, mas tambem a que encobre a face do mundo, e mergulhar nas águas profundas da existência, fazendo-se conhecedor da essência das coisas espirituais, e vendo assim, com a experiência do próprio mergulho, que nem tudo no mundo é feito só de matéria, consumo e aparência, e que a gente pode viver por algo bem mais profundo, sagrado, numinoso e duradouro que a mera aparência das coisas... Passou o tempo do ter, chegou a hora de ser. Findou-se a era de ser casca, começou a era de ser conteúdo... Não desprezamos o corpo, mas retoma-se a consciência de que um corpo sem alma não passa de um farrapo. Precisamos alimentar fortalecer a nossa alma, pois é com os olhos dela que veremos, como se fosse uma sarça ardente, a fluorescência dos lírios do campo.

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O poeta Willian Blake disse certa vez que se as portas da percepção estivessem limpas, tudo se mostraria ao homem tal como é, infinito.
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Penso que é chegada a hora que urge limpar as portas da nossa percepção. Se a hora não for agora, quando então será a hora de acordar? Depois que todos os rios já estiverem poluídos? Depois que a floresta amazônica for um deserto? Depois que os lírios e as aves estiverem extintos? Quando todo o mundo for um vale de sombras e morte?
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Enfim... Com a alma limpa da ganância, da fúria do consumismo, da ira, da ansiedade e da hipocrisia de quem não vê nada e pensa ver tudo, olhai ao redor. Finalmente, quem tiver olhos para ver, veja a essência das coisas e viva por elas.
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Com olhos limpos dos desejos descontrolados, e das ansiedades das competições desumanas que pesam sobre o existir, livres da necessidade de “ficar”, alforriado da necessidade de roupa de marca, do desespero de se ter um carro do ano, da posse da casa nova, livres da cobiça de ter, pois este agora é o tempo em que o homem não precisa de mais posses para ser alguma coisa, mais sim de menos desejos de posse, olhai humildemente e meditativamente o azul do firmamento celeste refletido na imensidão do espelho verde profundo das águas do mar...
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Com olhos renovados pela esperança de um mundo melhor, olhai o suave farfalhar das folhas das árvores sopradas pela brisa do amanhecer... Retirai a máscara de super-homem, deixai o vento soprar e encher vossa alma vazia. Porque se embebedar nas quebradas da madrugada, quando se pode embriagar de alegria olhando o por do sol? Urge encontrar novas maneiras de se embriagar. Embriague-se de poesia, de boa literatura, de boa música; embriague-se de amor, de amizade, de carinho. Embriague-se de risos e sorrisos. Embriague-se com o brilho do nascer do sol e com o sorriso inocente nos lábios do recém-nascido... É tão bom embriagar-se dessas coisas que não deixam a gente com ressaca na manhã seguinte... Embriague-se com a simplicidade da vida.

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Olhai e embriague a alma na serenidade e leveza do entardecer de um dia de primavera... Olhai a delicada visita das abelhas e dos beija-flores às flores dos jardins... É na espera da visita dos beija-flores que a flor desabrocha feliz da vida... Se eles não vem ela morre de saudade. Ou será que entre nós ainda existe alguém que não sabe que entre as abelhas, os beija-flores, e as flores há um profundo e eterno caso de amor? Caso esse nada platônico, a ver pelo jeito delicado com que o beija-flor beija a flor, e pelo jeito doce e passivo com que ela se deixa beijar por ele. Sim, as flores e os beija-flores se amam... Nasceram um para o outro. Olhai e aprendei com esse amor, a amar.
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Com espírito renovado, olhai os rios que descem para o mar... Observai a grama orvalhada ao amanhecer, e sinta-a com o toque dos pés descalços (Que motivo de transcendência)... Olhai a fluorescência dos pingos de chuva que batem na vidraça da janela do quarto, e abra o coração para a mensagem que eles te trazem. (Que epifania!) Olhai dentro dos olhos do pardal que toma banho na poça d’água de chuva deixada no meio da rua, num daqueles mágicos entardecer de sol e chuva... Que lição de vida!
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Olhai a chuvinha fininha que cai num fim de semana e enche a alma dos namorados de paixão, empurrando-os descontroladamente para o quentinho debaixo do edredom... Se não vê nisso uma relação de causa e efeito, se pensa que a chuva só cai pra molhar a terra, e não para atiçar nossas almas ao amor, ainda não vê nada, e ainda não sabe de nada... Existe melhor afrodisíaco que uma tarde de chuva fininha, passada embaixo do edredom, esquecido do tempo, da vida e do mundo? Esta, se alguém me pedisse para dizer, seria a minha metáfora do céu. 
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Olhai e sintam a naturalidade da existência de todas as coisas. Não colhida antes da hora, a flor desabrocha sem esforço e sem lágrimas. Tambem quando chega o momento certo a laranjeira floresce e frutifica... E na primavera a natureza fica em festa... Deixada quieta no seu lugar de origem - deixada em paz – a natureza vibra num coro de aleluias e louvores. Olhai e aprendei, porque olhar sem aprender ainda não é olhar.
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Agora, por um instante apenas, desvie os olhos do esplendor da Natureza e volte-os para as pessoas ao seu redor. Observe-as ao amanhecer, enquanto correm para os terminais rodoviários... Observe-as na fila do ônibus, nas filas dos caixas de supermercado... Observe-as nos corredores dos hospitais. Observe-as chorando, ou – tão novas e já tão velhas – se prostituindo à beira das estradas escuras, ou drogadas, bêbadas, obesas, bulimias, anorexias... Observe-as vagar sem destino. Olhai seus rostos abatidos e seus olhares desconfiados, apavorados, tristes, abortados e envelhecidos por olheiras profundas...
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Veja como o fluir de suas vidas em nada se parece com o fluir das águas do rio que corre para o mar, nem o perfume de suas vidas se parece com o perfume das flores, muito menos o brilho dos seus olhos possui ainda alguma semelhança com o brilho do azul do céu... Nem as suas palavras possuem a suavidade do farfalhar das folhas das árvores, porque o homem hoje, talvez por ser espiritualmente surdo, ou por não ter o que falar – pois sua alma é uma casa vazia -, só sabe falar gritando, xingando e dando porrada.
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Observe como em nossos dias a vida humana mais se parece com um rio que, ao invés de descer naturalmente a planície em direção ao mar, luta desesperadamente e inutilmente para subir uma montanha intransponível. (Que desperdício de energia é a vida em nossos dias). Isso me lembra o esforço inútil de Lúcifer em querer ser Deus... Que desperdício de vida! Que desperdício de potencial!
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Há exceções evidentemente, mas no geral somos como o peregrino que John Bunyan descreveu em seu famoso livro O Peregrino. Não raro somos imagem e semelhança daquele homem do sonho, coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga...    
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O amor se esfria dos corações, e por todo lado se multiplica a desconfiança. Somos homens desorientados e perdidos do seu destino de ser humano - humanidade que se dilui dia a dia na mediocridade e na trivialidade do arrastar de uma vida destituída de sentido e transcendência.
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Humanidade que chora e estremece de pavor – a um passo do desmaio – diante da expectativa angustiosa das coisas que sobrevirão amanhã... Humanidade desistente. Homens e mulheres e – desgraça nossa – crianças tambem, porque o cavaco não cai longe do pau, que leva sempre no olhar e nos lábios um doloroso gemido que por fim termina numa exclamação desesperada: “Que hei de fazer?” Pior ainda, essa exclamação desesperada de grito final, cada vez com menos raridade termina num, ou dois, ou três, ou mais, frascos de veneno de rato, ou num corte que lacera o pulso e faz esguichar longe o sangue e a vida, ou, mais rápido, mas creio eu, não menos desesperador e indolor, num tiro na boca. O homem de nosso tempo já quase não consegue viver sem a possibilidade de uma rápida saída de emergência da própria existência. Somos homens sempre prontos para a fuga.
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Há se pudéssemos ver a alma do homem contemporâneo... Ai, ai, que cenas de horror veríamos desfilar diante dos nossos olhos.
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Mas pensando bem, foi-se o tempo que só Deus podia ver a alma do homem. Em nossos dias ela ficou tão densa de ansiedade, tão tensa de cobiças, tão saturada do horror de existir às avessas, tão estressada e estafada, tão vazia, que basta olhar a face de um homem para ver seu coração.

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Somos hoje como uma fratura exposta no meio da rua. O nosso coração está exposto para quem quiser ver. (Como fede!) O que há de mais profundo – fazendo nossa as palavras do poeta Paul Valery - é a pele. Oh horror! Vivemos dias que basta olhar a pele de um indivíduo para saber o que se passa em sua alma. A pele e o olhar não mentem nunca. Quem tiver olhos para ver, que veja.
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Há um incomodo sentimento de vazio na alma dos homens do nosso tempo, o seu coração tornou-se um lugar distante e árido, e ele já não sabe mais quem é... Se por acaso se vê refletido num espelho, não se reconhece mais; à semelhança de um cão, agride seu próprio reflexo imaginando estar de frente com um inimigo cruel, tão desacostumado está de si mesmo. Por isso, porque já não se reconhece mais como um amigo, a alma do homem do nosso tempo é uma alma em permanente guerra contra si mesma. Um campo minado onde acontecem os mais terríveis desafios e enfrentamentos existenciais. Um lugar de ímpetos desencontrados que nunca cessam; casa incendiada do homem trôpego e ansioso que nunca dorme e que nunca descansa, porque agora já não é homem, é lobo de si mesmo.
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Oh meu Deus! No Japão mais ou menos 40 mil pessoas se matam por ano. No Brasil mais ou menos a mesma quantidade é assassinada, isso sem contar a mesma quantidade, ou mais – certamente mais - que morre de acidente de trânsito. Que país é esse onde um bêbado atropela e mata não uma, mas várias pessoas, paga 300 reais de fiança e fica em liberdade? Mais ou menos 280 mil suicídios por ano na China. A gravidez na adolescência é uma epidemia incontrolável. E o que dizer das drogas? E a depressão psicológica? E a fome? E as nossas cadeias e penitenciarias que somam mais de meio milhão de presos? E a dengue? E as favelas? E as ruas sem asfalto? E os esgotos a céu aberto? E o esgoto despejado sem tratamentos nos rios e mares? E a falência do SUS? E a miséria da aposentadoria? E os infinitos erros médicos? É tanto erro médico que a gente pensa que se os médicos entrarem em greve, ou pararem de trabalhar, vai morrer menos gente doente. O século passado foi o século da depressão, este promete ser o da síndrome do pânico. Não sei sobre o resto do mundo, mas o Brasil eu garanto, está de cabeça para baixo. É preciso dar um tempo nessa loucura. Parar, aquietar a alma e olhar os lírios do campo e as aves do céu, e aprender com eles como é que se vive a vida.
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Oh meu Deus! Será que estamos perdendo o juízo? Será que um dia ainda seremos verdadeiros seres humanos? Será que ainda dá tempo? Desmatamento, efeito estufa, poluição... Tiroteio em plena luz do dia, bala perdida. Ufa! Será que estamos todos viajando de primeira classe no Titanic? E o Ministro dos Esportes? Caiu também. E vem aí a Copa do Mundo... Que Deus nos acuda.
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Vivemos tempos tenebrosos. Terríveis coisas estão se fazendo em nossos dias! Não bastou o crack, agora temos também o oxi... O hinduísmo diz que esse é o tempo de Kali-yuga, o tempo das trevas supremas. Para o cristianismo nosso tempo é um tempo de grandes tribulações, ou tempo de dores. Eu digo que este é tempo de políticos corruptos, mentirosos e ladrões; tempo de Judas Iscariotes. Tempo de mentiras, traições e de gente sem vergonha na cara... Tempo de lobos e mercenários. Tempo de corrupções sem fim. Já não existe mais mal, muito menos existe o bem, agora tudo é relativo... Tudo depende... A mente do homem do nosso tempo é uma bacia onde flutua uma filosofia de vida para cada uma das situações que ele enfrenta na vida. Agora ele quer. Agora não quer mais. Agora crê. Agora não crê mais. Agora ama. Agora trai.
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Pobre gente, pobre de nós que já não somos gente. Para onde tudo isso nos levará? Já estamos bem perto de um ponto sem retorno. Talvez até já tenhamos passado de um ponto além do qual retornar é impossível, ainda que se queira. Já quase se pode dizer: Agora é tarde demais! Oh meu Deus! E o Irã está ou não está tentando fazer uma bomba atômica? (uma?)

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Eis no que deu o homem separado da natureza... Não passa de uma música sem ritmo, um assombro e uma escória para si mesmo...
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Mas talvez – apenas talvez – ainda haja tempo. O homem precisa descalçar os pés e sentir novamente o calor da terra – afinal do pó da terra ele veio e para lá voltará. Urge tornar-se jardineiro, sujar as mãos de terra. Urge ser um com a Natureza, por de lado o facão, o machado, o trator com correntes e a moto-serra... Urge aprender com São Francisco de Assis, a se tornar não apenas protetor dos animais, mas como ele, olhar a lua e dizer: Irmã lua. Olhar para o sol e dizer: Irmão sol. E não apenas para o sol e a lua, mas para as flores, o mar, os rios e as florestas, porque ou o homem se integra numa unidade com a Natureza, ou se desintegra de vez.
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Chegou o momento de considerar com cuidado como vivem os lírios do campo e as aves do céu, porque eles nos ensinam qual é o verdadeiro caminho da beleza, do brilho nos olhos, do sorriso sincero, da pele corada, e da verdadeira felicidade. Chegou o momento de fazer do desabrochar das flores, do canto das aves, do correr do rio, do florescer e do frutificar das laranjeiras, os nossos mestres de vida...
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Está é a esperada hora de abandonar as desesperadas ansiedades consumistas, de virar as costas ao shopping, e de seguir pelas trilhas das cachoeiras... Chegou a hora de aprender a comer quando se tem fome, de dormir quando se tem sono, de sorrir quando se está alegre e chorar quando se está triste... Chegou o momento de por de lado o terno e a gravata, e ser criança novamente, de correr e brincar na chuva, porque afinal o reino de Deus pertence às crianças... Chegou a hora de ser simplesmente, ser humano.
V.B.Mello.